Descrevendo a Energia do Cérebro
Os neurônios estão constantemente recebendo e enviando informações. Centenas de mensagens químicas chegam de outros neurônios em suas redes a qualquer momento. Em resposta, uma carga eletroquímica se desenvolve no corpo da célula até que ela alcance um nível crítico.
Cada vez que o neurônio dispara os troncos e galhos de sua árvore axônia, o impulso envia mensagens químicas para todas as conexões de saída. Há bilhares de neurônios e trilhares de conexões – sinapses – em um cérebro. A maioria deles dispara muitas vezes por segundo ou mais. É um caos eletroquímico.
No entanto, quando neurônios se agrupam e disparam conjuntamente, o resultado é mensurável. Um EGG fornece uma imagem em tempo real destas explosões conjuntas.
Discutiremos a energia do cérebro em termos de Frequência / Localização / Conexão / Controle. Quanta energia ele produz – quando e onde o faz – quão eficientemente áreas operam em conjunto e compartilham informação – quão flexível e estável é.
Medindo Níveis de Energia: Frequências / Amplitudes / Potência
A medida de energia é a frequência – quantas vezes por segundo o neurônio dispara.
A frequência é medida em Hertz (Hz). Um Hz é um disparo por segundo. Um neurônio que dispara 9 vezes por segundo está produzindo uma frequência de 9 Hz. Cada disparo deve metabolizar oxigênio e glicose. Os neurônios não queimam gordura.
Diz-se que, com somente 3% do peso corporal, o cérebro utiliza 25% do oxigênio e mais da metade da glicose do corpo. Quanto mais eficientemente ele opera, melhor.
De fato, uma das coisas que claramente diferencia cérebros pico é sua tendência de operar a maioria de seus neurônios agrupados, a maior parte do tempo (pelo menos durante a execução) em um estado de descanso, no modo piloto automático. Eles demonstram uma clara habilidade de ativar quando o processamento é necessário – até que a tarefa seja concluída – e então retornar ao estado de descanso, mas pronto para agir.
Em termos extremamente simples, quanto mais baixa a frequência, mais baixo o nível de energia. É preciso menos energia para disparar 2 vezes por segundo do que 12.
A segunda dimensão de medição de energia – quantos agrupamentos estão disparando a cada frequência – é a amplitude. A amplitude EEG é medida em microvolts (uV) – milionésimos de um volt. Em termos mais simples, quanto mais agrupamentos disparam a uma frequência, maior é a amplitude. 5 milhões de neurônios agrupados em 9Hz, por exemplo, produzem uma amplitude superior a 2 milhões.
A potência é uma medida relacionada ao tamanho relativo de grupos disparando a cada frequência. A potência é a amplitude ao quadrado. Ela é usada na coleta normativa de QEEG, mas raramente no treinamento.
Localização
A frequência e a amplitude podem ser úteis na identificação do estilo do cérebro em geral – dominante-rápido, dominante-lento, capaz de alternar suavemente e eficientemente, etc.
Mais especificamente, no entanto, também reconhecemos que diferentes áreas do cérebro têm arquitetura, funções e padrões de energia diferentes. Como músicos em uma orquestra, eles fazem coisas diferentes e as fazem de maneiras distintas para criar um todo harmonioso.
Os cérebros produzem padrões muito diferentes com os olhos fechados, olhos abertos descansando ou em tarefa. Podemos medir quanto um cérebro ativa mediante a uma a tarefa, ou não; o que acontece quando os olhos estão fechados ou abertos. Podemos também fazer comparações de frequências entre os hemisférios esquerdo e direito, e as áreas da frente e de trás do cérebro.
Estas medidas se correlacionam com o estado emocional da pessoa e sua capacidade de lidar com situações novas ou de rotina, de relaxar e ficar quieta, etc. Quando e onde as células do cérebro estão produzindo uma certa frequência nos dá dicas poderosas em direção a onde e o quê treinar.
Conexão
Quando neurônios disparam em sincronia com os outros, seus sinais aparecem com mais força no EEG. Mas há um efeito funcional também.
Como veremos mais tarde, dependendo da frequência, as áreas do cérebro podem funcionar de forma independente ou se bloquearem. A sincronia entre os agrupamentos de neurônios quando estão a toa é muito eficiente.
A conexão entre agrupamentos com outras frequências pode indicar cooperação e comunicação eficientes.
Flexibilidade / Estabilidade
Os padrões de ativação do cérebro tendem a ser estáveis, mas quando eles se tornam rígidos, algumas das funções disponíveis do cérebro são bloqueadas.
Todos os padrões de energia são bons para algumas coisas, mas não para outras. Nenhuma é boa ou ruim.
Porém quando um cérebro é incapaz de alternar, ele opera muito longe do seu pico. Controle excessivo me previne de alternar padrões com base na situação. Pouco controle me impede de manter um padrão adequado o tempo suficiente para torná-lo útil.
Antes de podermos aprender a ler padrões no cérebro, precisamos começar com o alfabeto – as categorias de frequência geralmente utilizadas na discussão do EEG.
Autor: Peter Van Deusen é um visionário treinador de cérebros que estuda, desenvolve e aplica a técnica há mais de 30 anos. É o fundador da Brain-Trainer International e possui gravações em português de aulas Master Class de aprimoramento para treinadores de neurofeedback.